Exploração de petróleo pode triplicar o PIB do Amapá em dez anos

Guiana alcança PIB de US$ 16,79 bilhões com petróleo e faz o Amapá sonhar.

por BRENNO BRAZÃO

O Amapá, estado de apenas 733 mil habitantes, pode estar à beira de uma revolução econômica capaz de rivalizar com potências petrolíferas globais. Estima-se que sua costa abrigue até 10 bilhões de barris de petróleo, dos quais cerca de 7 bilhões já estão confirmados, superando as reservas de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, que somam aproximadamente 4 bilhões de barris. A comparação com o emirado, símbolo de opulência e desenvolvimento acelerado, não é apenas numérica: com uma população pequena e um PIB per capita modesto, hoje na casa dos R$ 20 mil (cerca de US$ 4 mil), o Amapá poderia transformar essa riqueza em um salto de prosperidade inimaginável, a exemplo do que ocorreu em outras regiões ricas em petróleo.

Do PIB modesto ao salto bilionário

O potencial econômico do Amapá ganha ainda mais relevância quando contextualizado. Atualmente, o estado tem um dos menores PIBs per capita do Brasil, distante de regiões como o Distrito Federal (R$ 96 mil) ou São Paulo (R$ 58 mil). No cenário internacional, está bem atrás de gigantes petrolíferos como a Arábia Saudita, com reservas de 266 bilhões de barris e PIB per capita de US$ 27 mil, ou mesmo Dubai, que, apesar dos 4 bilhões de barris, ostenta um PIB per capita superior a US$ 40 mil graças à diversificação econômica. Mas o exemplo mais próximo e inspirador vem da vizinha Guiana.

Antes da descoberta de petróleo em 2015, o PIB per capita da Guiana era de US$ 6 mil, semelhante ao de países em desenvolvimento. Com reservas estimadas em 11 bilhões de barris — volume próximo ao do Amapá —, o país viu sua economia explodir. Para 2025, projeções indicam um PIB per capita de US$ 30 mil, mais que o dobro da média chinesa (US$ 13 mil) e um crescimento vertiginoso em menos de uma década. O Amapá, com condições geológicas e populacionais similares, poderia seguir esse caminho e alcançar um patamar de desenvolvimento que o colocaria no mapa das regiões mais prósperas do mundo.

O Amapá tem a maior bacia de petróleo da Margem Equatorial. Foto: Divulgação.

Desafios e perspectivas

A possibilidade de o Amapá se tornar uma “Dubai brasileira” ou uma “nova Guiana” não é apenas especulação. A baixa densidade populacional — comparável à de Dubai, com 2,5 milhões de habitantes em uma área metropolitana — potencializa o impacto que a exploração petrolífera pode ter. Se bem gerida, a receita poderia catapultar investimentos em infraestrutura, educação e saúde, replicando o modelo de transformação visto nos Emirados Árabes, onde o petróleo financiou arranha-céus, turismo e comércio global.

No entanto, o sonho bilionário enfrenta barreiras. Questões ambientais, como a preservação da Amazônia e da costa atlântica, e entraves regulatórios, incluindo licenças e negociações com empresas petrolíferas, serão decisivos. A Guiana, por exemplo, avançou rapidamente com parcerias internacionais, enquanto o Brasil ainda lida com um arcabouço legal mais complexo. Dubai, por sua vez, contou com uma visão estratégica de longo prazo para além do petróleo, algo que o Amapá precisará planejar.

Se superar esses desafios, o Amapá pode deixar de ser um estado periférico no Brasil para se tornar um símbolo de riqueza e desenvolvimento, provando que o ouro negro do fundo do mar pode, sim, pavimentar o caminho para um futuro dourado. Caso contrário, a “Dubai brasileira” continuará apenas como uma promessa no horizonte.

Dubai em 1990, antes do boom do petróleo. Foto: Divulgação.