Ednaldo Rodrigues e Roberto Góes consolidaram seu domínio político na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ao serem reeleitos por unanimidade como presidente e vice, respectivamente, com mandato assegurado até 2030. A vitória, conquistada em uma eleição de candidatura única, reflete uma habilidade notável de articulação nos bastidores da entidade.
No entanto, o contraste entre o sucesso nas urnas e o fracasso em campo nunca foi tão gritante. Apenas dias após a reeleição, na última terça-feira, a seleção brasileira sofreu uma humilhante goleada de 4×1 para a Argentina — um resultado que expõe as feridas abertas de uma equipe que, para muitos, atravessa o pior momento de sua história gloriosa.
A seca de títulos mundiais, que já dura 23 anos desde a conquista de 2002, é apenas a ponta do iceberg. Nos últimos anos, o Brasil acumulou decepções que corroem o orgulho de uma nação acostumada a se ver como referência no futebol.

A vitória unânime na CBF sugere um controle férreo sobre federações estaduais e clubes, mas também levanta perguntas sobre a falta de oposição ou debate interno. Em um sistema onde a política parece blindada, a ausência de concorrência pode ser um sintoma de estagnação, refletida diretamente no desempenho da seleção. Países como a Alemanha, após o fiasco na Copa de 2006, promoveram uma reformulação profunda em suas estruturas de base e planejamento, culminando no título de 2014. Já o Brasil, mesmo com talento bruto em abundância, parece preso a um modelo que privilegia interesses de curto prazo em detrimento de uma visão estratégica.
A goleada para a Argentina não é apenas um resultado isolado e o futuro até 2030, garantido nas urnas, é um incerteza em campo. Sem uma mudança drástica — seja na comissão técnica, na formação de jogadores ou na própria política da CBF —, o Brasil corre o risco de se tornar um gigante nostálgico, vivendo das memórias de Pelé, Garrincha, Romário e Ronaldo, enquanto adversários escrevem o presente. Para Ednaldo e Roberto, o desafio é claro: o verdadeiro placar que importa não está nos votos da confederação, mas nos gramados onde a história do futebol brasileiro ainda espera ser resgatada.